domingo, 14 de fevereiro de 2010

Bom dia a todos!

Estatelou-se no chão uma cruz
e despregou-se dela Jesus.
Com os braços abertos a abraçar
uma sandália que estava por lá.

E a pombinha que estava na janela
horrorizada com toda aquela cena,
olhou com piedade pra dentro do quarto
não viu comida e foi embora num salto.

Só os descolados decolam
Só os caras errados namoram
Enquanto os certos lastimam
compõe, musicam, rimam...

Apaga o fogo da vela que a luz voltou
não gosto do cheiro queimado que fica no ar
triste parafina que evapora sem ser consultada
se queria estar entre chocolates num ovo de páscoa

Voando para a liberdade sem saber que ela existia
Sobrevoou barbaridades, três ou quatro nostalgias.
Deprimiu e enfartou-se mas também não pensou nisso.
Subitamente veio a gravidade e concluiu o seu ofício:

Derrubar a falecida ave com toda ignorância
no para-brisa de um carro que desviara duma criança
e já perdendo o controle, prestes a bater numa ambulância
o motorista num reflexo, encheu-se de esperança
Em partes por saber que seu seguro de vida era fixo
e outra, irracional, vendo o tilintar do crucifixo
Fechou os olhos e orou para o homem que
amava suas sandálias.
Franclin Adonay

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